BLOCO DE ESQUERDA CALDAS DA RAINHA

endereço-e: blocodeesquerda.cr@gmail.com
facebook: www.facebook.com/be.caldasdarainha

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Lagoa de Óbidos: dragagem adiada, Lagoa em risco

Lagoa de Óbidos: dragagem adiada, Lagoa em risco

Na Assembleia Municipal das Caldas da Rainha, o deputado municipal Duarte Nuno, do CDS, deu a informação de que a Ministra Assunção Cristas se teria comprometido com o início da dragagem da Lagoa de Óbidos no mês de Outubro. Afinal, terminado o mês e com uma draga estacionada na Lagoa, parece que ainda não foi desta vez que a dragagem prometida começou.

Assim, o Bloco de Esquerda considera que é chegada a altura de devolver a pergunta que a actual Ministra fez ao anterior responsável pela sua pasta, em Janeiro de 2010, sobre o início das dragagens e de exigir que seja pública toda a informação referente a este processo, nomeadamente sobre os prazos de intervenção.

O BE volta a sublinhar que a Lagoa de Óbidos é um ecossistema em risco que não se compadece com os ciclos políticos das promessas não cumpridas. E também que, sendo um recurso tão valioso em termos ecológicos, sociais e económicos para a região, não poderá ser alvo da tentação dos cortes orçamentais cegos.

Para além da urgência do início da intervenção de fundo prevista, para assegurar imediatamente a ligação oceânica, reiteramos que após esta será necessária uma intervenção permanente na Lagoa de Óbidos, devendo ser assegurada pelos municípios envolvidos, que poderão recuperar e valorizar os dragados e as areias, tornando a dragagem, senão rentável, pelo menos auto-sustentável. Tal como será necessário pensar num plano de despoluição a longo prazo, não esquecendo a baía de S. Martinho.

7 Novembro 2011, Caldas da Rainha
Bloco de Esquerda Caldas da Rainha

sábado, 29 de outubro de 2011

A culpa é dos políticos

Escorregamos rapidamente na espiral da austeridade selectiva. Sem corrimão a que nos segurarmos, a crise, que começou por se sentir como um incómodo que até dizia respeito mais aos outros, sente-se cada vez mais como um aperto que ameaça tornar-se esmagador para a grande maioria.
A descida rápida nesta espiral de sufoco intensificou a crítica à “política” e aos “políticos” que circula de boca em boca e se apresenta como auto-evidente. Isto apesar deste ser um discurso com raízes profundas. Desde há muito, quem quisesse buscar audiência instantânea, do café à internet, sabia muito bem que o fazer: maldizer os políticos tornaria o resto da mensagem mais fácil de engolir.
Apesar da quase omnipresença, este discurso escapa muitas vezes ao escrutínio. Porque os que se situam fora dessa evidência não se dignam dar-lhe resposta. Porque os que se situam dentro acreditam tanto nela que estão convencidos que não vale a pena sequer parar para pensar nos seus efeitos práticos nem avaliar a quem interessa politicamente. Bastaria simplesmente alegar que é o povo ou o cidadão comum quem fala pela nossa boca para escapar assim magicamente à política. Ter-se-ia assim a palavra derradeira que mataria a possibilidade de discussão política. Depois desta não haveria mais nada a discutir. Contudo, como que por ironia, dizer que a “culpa dos políticos” e que “eles são todos iguais” é ainda e sempre fazer política. Por isso, é pertinente uma breve incursão pelas suas causas e consequências políticas.

A crítica anti-política enquadra-se numa crise profunda de representatividade das democracias ocidentais. A política mostra-se num ciclo vicioso que traz sempre mais do mesmo, até porque ao liberalismo da direita opõe a esquerda governamentalizada apenas uma caricatura social-liberal. A democracia actualmente existente surge assim a muitos olhos como uma alternância sem alternativa, uma mudança do pessoal político de turno. A ideia de escolha, já limitada pelos sistemas que se aproximam do bipartidarismo, é desafiada também pela tecnocracia, como se já só houvesse lugar para uma gestão de contas. Ao mesmo tempo, a política é distribuída como mau espectáculo mediático e ditada numa linguagem especializada e estranha, um economês de segunda categoria, que surge complexificada como meio de afirmação de um determinado estatuto. E, finalmente, o território próprio da democracia surge cruamente esvaziado pelo poder económico globalizado. Assim, a mobilização partidária e a participação eleitoral decrescem.
A crítica anti-política tem ainda componentes que se poderiam denominar como psicológicas que não se devem desprezar. Existe porque permite uma identificação grupal não classista que tem um efeito de ligação cúmplice e fácil com o outro. Da identificação até ao um sentimento superioridade moral vai só um passo: eles, políticos corruptos e maus, seriam como que uma espécie diferente de nós, os honestos apolíticos. Enquanto prémio de consolação moralista, esta é uma forma de dirigir o rancor social contra aqueles que são identificados como poderosos.
Outras causas do sucesso da crítica anti-política poderiam ser procuradas na meia-idade da história contemporânea nacional. Em alguns casos, encontra-se neste discurso um salazarismo perene, herdado da política de ódio à política, desejando um poder político que se imponha esmagando a política que supostamente dividiria o país (eles, os políticos, sempre culpados e todos iguais, ainda por cima puxam cada um para seu lado).
Reconhecem-se aí os saudosismos de juventudes idealizadas: os bons velhos tempos em que não existia política, em que era tudo tão bonito e simples. Só que, para idealizar assim este passado, é preciso reconstruí-lo à custa da destruição da memória da fome e da miséria, da ausência de direitos sociais mínimos à educação, à saúde etc. que foram escolhas políticas. Já para não falar na repressão assassina e no colonialismo.
O sonho da ditadura apolítica cor-de-rosa apresentada como sem crime e isenta de corrupção só é possível para quem queira ignorar que as ditaduras se mostram puras porque dominam os canais de comunicação e censuram a informação que não lhes interessa. Tal como sabemos que o pesadelo da democracia corrupta é potenciado pela possibilidade da informação circular e pela liberdade de criticar, o que, parecendo para alguns tão pouco é afinal tanto…
Acreditar na sua fantasia é, portanto, esquecer que as ditaduras são espaços de corrupção institucionalizada. Antes de mais, há que não esquecer que o nome próprio do salazarismo era corrupção: este era um sistema de distribuição descarada de favores políticos e económicos aos grupos dominantes.
Poder-se-ia continuar a acompanhar a história contemporânea do país procurando na fase seguinte outras tantas razões para que o discurso anti-política se tivesse instalado: as esperanças frustradas depois da revolução de Abril, a forma como os partidos se mostraram nesta altura o que não eram, encostados de forma oportunista a um esquerdismo em que não acreditavam, o percurso de alguns dos revolucionários da época que se converteram no seu contrário, ajudando assim à percepção de que “eles querem é poleiro” e que mudam de conversa consoante o sopra o vento.
Mas, sobretudo, a crítica anti-política nasce da base concreta das práticas políticas dominantes. E, quando se pedem “sacrifícios” a quem pouco tem, essas tornam-se ainda mais chocantes. A culpa do discurso da culpa dos políticos será, assim, em primeiro lugar, dos políticos que nos têm governado.
Governo após governo, e no poder local reproduz-se o mesmo, reencontram-se as mesmas benesses escandalosas que os políticos se atribuem a si e aos “seus”, numa política de favor e de compadrio político ou até familiar que se esconde detrás dos discursos oficiais. Reencontram-se a promiscuidade entre interesses particulares e bem público e as entradas para o grupo fechado dos administradores milionários das maiores empresas nacionais. Reencontram-se as ainda mais escandalosas benesses em detrimento do erário público dada aos grupos económicos que mandam no país e que fazem e desfazem governos. Reencontra-se, no fundo, a incapacidade dos rotativos no poder de fazer política sem que seja de forma simultaneamente subserviente e oportunista.
No tempo rápido da contemporaneidade, a dança das cadeiras políticas nas mudanças de ciclo acentua o descrédito. Estabeleceu-se no centrão português como normalidade uma estranha dialéctica entre governar e estar na oposição que autoriza a promessa enquanto palavra descartável, o programa enquanto letra morta porque o estado das contas nunca é o que se imaginava, porque o desvio do outro é sempre colossal, porque o mundo muda rapidamente. Dando a impressão que a democracia se resumiria às promessas não cumpridas, como um regime de marketing mentiroso, esta forma de fazer política assegura o poder a curto prazo para quem a ponha em prática mas descredibiliza a política.

Acontece que muitas das queixas sobre os “políticos” fazem mais do que a crítica destas práticas. Aceitam sem questionar que a política é o que os outros fazem e que tem de ser como “eles” a fizeram. Interiorizando o papel de figurantes, de “velhos dos marretas”, aceitam a menorização.
Para além disto, extravasam para a crítica de qualquer possibilidade de fazer política e, assim, arriscam deitar fora o bebé com a água do banho, promovendo uma generalização tão alargada que marca todos com os ferros da mesma ignomínia: “os políticos são todos iguais”, diz-se, todos os governos, todas as oposições, todos os conservadores, todos os revolucionários, “farinha do mesmo saco”.
Ao dizê-lo, o aparente inconformismo parece dar lugar a um conformismo profundo: se são todos iguais não faz de todo diferença quem lá esteja, se são todos iguais não faz sentido participar politicamente porque isso só me tornaria igual aos maus, não vale a pena mudar nada porque tudo está condenado a ficar sempre na mesma.
A voz aparentemente crítica transforma-se em desmobilização porque sucumbe a um efeito do sistema político que coloca na mesa alternativas limitadas: já votei em A e em B, eles fizerem igual por isso… Por isso, aceita-se a anulação da possibilidade de diferença.
Forma de resistência de baixa de intensidade do povo, é também um efeito próprio do tipo de poder político que hoje temos. Partindo de um núcleo justo de bom senso, é também uma expressão da volúpia da queixa, da passividade militante, do negativismo. Denúncia acérrima dos abusos de poder, corre também, em alguns casos, o risco de os naturalizar: os políticos são como são, se lá estivesse outro era a mesma coisa.
Sendo assim, não é surpreendente que seja uma crítica confortável para muitos políticos do arco do poder. Porque impossibilita qualquer política do oprimido e porque transforma a crítica no tal conformismo profundo, é uma forma de anular descontentamentos, varrendo-os para fora do quadro político.
Só que, do ponto de vista da democracia, é uma forma perigosa. A crítica anti-política é permeável a manipulações e torna-se frequentemente o melhor seguro de vida da mais perversa forma de político: o populista demagogo anti-político que procura popularidade gritando o que os outros gostam de ouvir. Ao contrário de quem maldiz a política não escondendo interesses e acreditando que não há solução, esta personagem fá-lo escondendo retoricamente as suas alternativas. Até porque a alternativa a esta política é outra política. No aproveitamento populista desta crítica há o perigo totalitário, escondem-se aí cobardemente fascismos variados que prometem o regresso a um tempo sem política.
E há sempre outros que beneficiam da atenção exclusiva dada aos políticos enquanto bode expiatório de tudo. Num sistema em que a política até manda pouco, este discurso promete decapitar o executante deixando incólumes interesses mais graúdos, num escandalizar-se selectivo que imola (tal como os resgata depois) actores secundários no altar da política, enquanto continua o negócio e a exploração correntes. Interesses a quem interessa pouco a vaidade de quem se senta na poltrona do poder político e as migalhas que lhe distribui quando a última palavra é sua.
Além disso, sendo uma forma de identificação confusa, promete anular a possibilidade de outros sujeitos colectivos. Enquanto somos uma massa anti-política não somos, por exemplo, trabalhadores.

Temos assim um antagonismo resignado que triunfa no café mas deixa tudo na mesma. E numa altura em que a crise aperta torna-se ainda mais urgente algo diferente. Ao contrário do que pensam os zangados com a política, é preciso fazer política contra a política da crise. Os indignados que se vão manifestando pelo mundo inteiro mostram esta necessidade. É preciso encontrar-se, propor, convergir, divergir, criar plataformas políticas. Por isso, os indignados podem sonhar ser mais, ser uma das formas da política futura.
E se os zangados com a política se transformassem em indignados?


de Carlos Carujo

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Debater a CULTURA


Segunda-feira, 24 Outubro‘11, às 16:00
No Auditório principal da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha

Debater a CULTURA





 O debate é público e decorrerá em duas partes, na primeira parte os convidados vão expor os seus temas e na segunda parte decorrerá o debate com a plateia.




Convidados:

Catarina Martins, frequenta um Doutoramento em Didáctica das Línguas, é actriz, deputada do Bloco de Esquerda, faz parte de Comissões Parlamentares, entre elas a Comissão de Educação, Ciência e Cultura.

Fernando Poeiras, é licenciado em Ciências da Comunicação, frequenta o doutoramento em Ciências da Comunicação em Cultura
contemporânea e doutoramento em Design de Produto da FAUTL, e é docente na ESAD.

Pedro Oliveira, Sportinguista ferranho, Artista Plástico (quase mestre), Músico, Performer, Apartidário, e mais...

Temas propostos:

Porque perdemos dinheiro com o desinvestimento na Cultura?

Ligação entre políticas públicas para a Cultura e políticas publicas para a Educação.

Qual o papel das autarquias na Cultura?

Profissionalização na Cultura.

Que responsabilidade tem o poder político na Cultura?

Dificuldades da Produção Cultural nos tempos que correm.


www.esquerda.net | www.becaldasdarainha.blogspot.com

domingo, 17 de julho de 2011

1º Ciclo de Cinema 2011


1º Ciclo de cinema de 2011 do Bloco de Esquerda das Caldas da Rainha. Na próxima quarta-feira às 21h e 30 vamos iniciar o ciclo sobre economia, a crise económica e hipóteses de saídas alternativas. A seguir a cada projeção propomos um pequeno debate entre os espetadores. Todas as projeções são à mesma hora.

20 de Julho - DebtOcracy, DividOcracia - Documentário sobre a crise da dívida na Grécia

27 de Julho - Inside Job, A Verdade da Crise - Análise dos detalhes que levaram à crise financeira global de 2008

3 de Agosto - Life and Debt - Documentário sobre os efeitos da globalização e a vinda do FMI na agricultura e industria da Jamaica

10 de Agosto - Explicações para a crise - 3 curtas onde se tenta explicar a crise financeira

Local: Sede do Bloco de Esquerda das Caldas da Rainha, Centro Comercial Avenida, Loja 2

Participa e traz outro amigo também!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Agressões durante colagem de cartazes


NOTA DE IMPRENSA DA COORDENADORA CONCELHIA
BLOCO DE ESQUERDA
CALDAS DA RAINHA


Pelas 0.15 horas de hoje, dia 1 de Junho de 2011, um grupo de três aderentes do B.E., que procediam à colagem de cartazes no âmbito da Campanha Eleitoral, foi ameaçado e agredido por dois indíviduos, que atingiram um dos nossos Camaradas, com cuspidelas e um murro na nuca. Os mesmos individuos destruiram, também, alguma propaganda do Bloco que estava a ser aplicada. Os agressores vestidos de negro e usando expressões da extrema direita, fugiram sem ser identificados.
O caso foi participado à PSP, que procede a averiguações.
A Coordenadora Concelhia de Caldas da Rainha condena veementemente estas agressões e aguarda a identificação e penalização dos culpados.


1 de Junho de 2011
A Coordenadora Concelhia de Caldas da Rainha

terça-feira, 24 de maio de 2011

Francisco Louçã na Praça da Fruta

Este sábado dia 28, Francisco Louçã vem ao coração das Caldas da Rainha em plena campanha eleitoral, passará na Praça da Fruta (Praça da República) pelas 10 horas.

27Maio'11 Comício/concerto - A Resposta da Esquerda

O BLOCO PROPÕE
RENEGOCIAR A DÍVIDA
MUDAR DE FUTURO

No próximo dia 27 de Maio Francisco Louça virá a Leiria, para um grande comício com todas e todos!
Haverá também um concerto : UXU Kalhos

As intervenções externas na Grécia, na Irlanda e em Portugal conduzem estes países a uma bancarrota adiada com juros abusivos e impossíveis de pagar. A espiral para o abismo só pode ser evitada mediante uma renegociação da dívida.

O Bloco de Esquerda propõe uma renegociação da dívida que estabeleça novos prazos, novas taxas de juro e condições de cumprimento razoáveis, que acompanhem a recuperação económica. Em vez de ser uma oportunidade de negócio para os especuladores e para o sector financeiro, as presentes dificuldades devem mobilizar uma política de cooperação europeia contra a especulação.

O preço da intervenção do FMI seria pago em salários e pensões, privatizações e cortes nos serviços públicos, medidas que agravam e prolongam a desigualdade e a decadência da economia portuguesa. Trata-se de uma gigantesca transferência de rendimento do trabalho para o capital.

QUEM NOS TROUXE À CRISE NÃO NOS TIRA DELA

Quem nos conduziu a esta situação são os responsáveis pelos sucessivos PEC, que criaram uma gravíssima recessão. Todos estes pacotes de austeridade agravaram a crise e diminuíram a produção e o emprego. Agora, PS, PSD e CDS apresentam-se com o mesmo programa - o programa do FMI.

É urgente uma auditoria a toda a dívida externa, pública e privada, de modo a identificar a natureza das parcelas da dívida, os seus prazos e condições. Só deste modo será possível a renegociação e a recusa do abuso. Se numa família alguém perde o emprego e deixa de poder satisfazer a prestação da casa, não deve pedir um crédito telefónico com juros de 20%. O que deve fazer é renegociar os termos do pagamento com o seu banco. Que assim faça Portugal, neste momento de aperto.

HÁ ALTERNATIVA: GOVERNO DE ESQUERDA

O Bloco de Esquerda insiste sobre uma reforma fiscal que traga os recursos necessários, contra a isenção dos bancos e das grandes fortunas e pela redução das despesas escandalosas com as Parcerias Público-Privado. O país tem que escolher: ou continua a financiar as rendas dos bancos e das construtoras, ou usa os recursos públicos para reduzir a pobreza e criar emprego.

Só um Governo de Esquerda pode lutar por justiça na economia e responder a esta crise,
em nome de quem trabalha.


Aparece e convida um amigo!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Um Grito Pela Lagoa



Um Grito Pela Lagoa

14 de Maio, Sábado às 13h
No parque de merendas junto à Lagoa de Óbidos, em frente à escola de vela

Sardinhada ao ar livre
Com a presença de Francisco Louçã e Heitor de Sousa

PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE HORTAS URBANAS MUNICIPAIS

 Na última sessão da Assembleia Municipal de Caldas da Rainha, a 3 de Maio deste corrente ano, o Bloco de Esquerda apresentou uma proposta que se inseria num debate sobre a pobreza nas Caldas da Rainha e o papel da Câmara no seu combate, por iniciativa, também,  do Bloco de Esquerda, que colocou este tema na agenda da Assembleia Municipal.   A proposta teve, todavia, pelo próprio mérito da sua construtiva ideia, o apoio do PS e da CDU, registando-se várias abstenções nas próprias hostes do PSD Caldense, entre as quais a da Mesa da Assembleia Municipal, mas derrotada por maioria PSD.

ºººººººººº   PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE HORTAS URBANAS MUNICIPAIS    ºººººººººº
Considerando as dificuldades crescentes que a sociedade caldense atravessa, com o agravamento das condições de vida impostas por uma economia que não gera empregos e por políticas que empobrecem sistematicamente os cidadãos e as famílias, o Bloco de Esquerda considera que ao Município também compete tomar providências que atenuem as dificuldades de vida dos cidadãos e das famílias.

Sabemos que neste momento em Caldas da Rainha um significativo número de pessoas que desejaria ter acesso a um pequeno lote de terreno onde pudesse fazer a sua própria horta e assim preencher algumas das suas necessidades alimentares. A possibilidade de algumas pessoas atingidas pelo desemprego, com seu poder de compra diminuído, produzirem alguns bens alimentares proporciona também uma possibilidade de poupança nos rendimentos das famílias que não deve ser desvalorizada ou desaproveitada pela Câmara Municipal.

O Bloco de Esquerda vem assim propor uma iniciativa à Câmara Municipal de Caldas da Rainha, através da Assembleia Municipal, no sentido de serem reunidas as condições para a criação de uma horta urbana, ou mais do que uma em caso de forte adesão de pedidos de lotes de cultivo, no perímetro da cidade. Para este efeito, a Câmara Municipal terá apenas de destinar um terreno, devidamente preparado para receber a sementeira e plantio de searas hortícolas, para consumo próprio dos cidadãos e das famílias que queiram fazer o cultivo de um pequeno lote a esse fim destinado.

Solicitamos à Câmara Municipal a atribuição de um terreno público para este efeito, loteado em talhões mínimos de 50 metros quadrados e múltiplos dessa área até ao limite máximo a definir em sede de regulamento.  As condições a reunir nesta pequena exploração agrícola urbana devem garantir o fornecimento de águas para regas e a construção de um pequeno armazém colectivo para guardar ferramentas, alfaias, sementes, fertilizantes e outros objectos e produtos necessários ao bom cultivo das hortas.

Por se tratar de uma medida simples e fácil de incrementar o Bloco de Esquerda solicita a maior urgência neste assunto à Câmara Municipal, tendo por certo que se trata de uma medida de efeitos imediatos na economia e subsistência alimentar de muitos cidadãos e famílias carenciadas. O Bloco de Esquerda disponibiliza-se ainda a colaborar com o executivo autárquico, assim este o deseje, apresentando uma proposta de regulamentação das condições de acesso democrático aos talhões de cultivo logo que a Câmara Municipal dê início a este pequeno mas tão significativo projecto.

Pelo Deputado do Bloco de Esquerda à Assembleia Municipal,
Fernando António da Costa Rocha.

Mário Tomé na ESAD sobre o 25 de Abril

 Mário Tomé esteve nas Caldas da Rainha, dia 28 de Abril, para falar da revolução dos cravos, do processo visto por dentro, por ele, "Capitão de Abril".
A sessão começou com a apresentação de uma curta de João Botelho, “Se a Memória Existe”, uma adaptação do conto “o país das pessoas tristes”.

"Mas para Mário Tomé, que em 1974 estava em Moçambique, em plena Guerra Colonial, esta versão é apenas isso mesmo: uma história contada às crianças. “A história contada aos adultos tem que ser outra”, defende, e foi para isso, para que se conheça aquela que diz ser “a verdadeira história do 25 de Abril”"
 (...)
"Ora então, o que foi 25 de Abril e como se precipitou a revolução? Mário Tomé não tem dúvidas: em primeiro lugar, a ala liberal na Assembleia Nacional Fascista, “aquela que viria a dar lugar ao PSD”, tinha aspirações que não tinham qualquer hipótese com o regime de então. “Queria melhorar os negócios, não queria estar sujeita às leis do condicionamento industrial nem à banca comercial, queria banca de investimento, queria ligar-se à Europa”."
(...)
"Depois, a Guerra Colonial. “O fascismo não podia continuar sem a guerra, mas a própria guerra estava a dar cabo dele”, garante o militar, apontando que o combate ultramarino absorvia cerca de 40% do produto do país."
(...)
"“uma guerra efectiva que Salazar sempre teimou em dizer que se tratava de acções de polícia” e que “foi desgastando o povo português” ao longo de 13 anos, entre 1961 e 1974."(...)
Joana Fialho
in Gazeta das Caldas

Leia mais em: Gazeta: Mário Tomé contou nas Caldas “a verdadeira história do 25 de Abril”

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A propósito da regeneração urbana

Muito se tem dito e escrito ultimamente sobre este assunto que é de importância decisiva para a presente e para o futuro de Caldas da Rainha. O Bloco de Esquerda tem a acrescentar o seu lamento por, mais uma vez, uma iniciativa da maioria local ter sido tão mal conduzida e ameaçar trazer resultados tão desastrosos para a cidade. Efectivamente o que se pode perspectivar do plano do vereador Hugo Oliveira é um conjunto de resultados que vão piorar o funcionamento urbano e o promover o enfraquecimento das forças endógenas que fazem viver a cidade.

Desde logo não se consegue perceber qual é o grande objectivo deste plano: será resolver o problema de mobilidade? As dificuldades de estacionamento, que condicionam moradores e comerciantes? Será a regeneração da Praça da Fruta, como âncora do comércio de cidade? Será uma requalificação geral do espaço público, como estímulo ao investimento privado? O objectivo central do plano não está identificado e as prioridades até agora apresentadas então confusas, mal articuladas, sem coerência complementar entre si, e sobretudo sem revelarem uma estratégia de cidade coerente e sustentável. Mais parece um projecto político do Dr. Hugo Oliveira para se aproximar do sector da construção com um plano de obras públicas e assim ultrapassar a concorrência na corrida de sucessão ao Dr. F. Costa, como Presidente da Câmara. E como sabemos, em política o que parece é.

Quanto aos problemas que deveria resolver o plano de regeneração ainda acaba por agravar alguns. Senão vejamos: a mobilidade e estacionamento saem prejudicados com a redução substancial de lugares de estacionamento, na ordem de algumas centenas; o espaço intervencionado por este plano vai passar a ter menos de metade dos estacionamentos agora disponíveis, mesmo contando com os lugares do previsto estacionamento subterrâneo na Praça 25 de Abril. Este dado vai ter implicações no comércio e na habitação. Os comerciantes vão continuar a perder clientes e o centro da cidade vai continuar em processo de desertificação, sem ninguém que queira passar a habitar uma zona onde não é viável ter o automóvel e é mal servida de transportes públicos. O investimento particular nos 82 prédios abandonados que foram sinalizados na área intervencionada também ficará mais distante já que o retorno do investimento ficará previsivelmente dificultado por esta intervenção. Mais uma vez a CMCR assume soluções sem um estudo técnico que as suporte. Um diagnóstico transdisciplinar do impacto desta intervenção teria facilmente detectado algumas dificuldades a ultrapassar e identificado os principais problemas a resolver. Como já sabemos de exemplos anteriores e mais uma vez se confirma, o empirismo reinante na nossa Câmara Municipal é mau conselheiro.

A solução que o BE preconiza, conforme apresentado em programa autárquico de 2009, orienta-se prioritariamente para a solução da questão da mobilidade, deixando as obras de regeneração para uma segunda fase. A mobilidade urbana de uma pequena cidade como Caldas da Rainha, sem deixar de apresentar alguma complexidade, é uma questão de resolução relativamente pacífica e fácil. Bastaria dividir e organizar a área intervencionada em diferentes cores (p. ex., azul para o bairro azul; verde para a praça da fruta, etc.,) em cada zona atribuir estacionamento gratuito a residentes e comerciantes, estando todos os outros sujeitos a pagamento do estacionamento. Esta solução simples resolveria grande parte da mobilidade e acessibilidade ao comércio tradicional e à habitação urbana, com parquímetros a funcionar numa área alargada do centro urbano e com dísticos de estacionamento atribuídos com as cores da área de residência ou de actividade económica dos automobilistas, que também passariam a pagar parqueamento fora das suas zonas de residência ou actividade comercial. A rotatividade de estacionamento e a disponibilidade de lugares aumentaria muito, facilitando a vida a toda a gente: moradores, comerciantes, funcionários dos diversos serviços, clientes, turistas, etc.

Acresce a esta solução o seu potencial de receita financeira que a CMCR tem desperdiçado ao longo de muitos anos. Esta solução de mobilidade para o centro urbano da cidade tem um potencial de rendibilidade superior a meio milhão de euros anual. Basta conhecer a rentabilidade de alguns pequenos parques de estacionamento para comprovar facilmente estes números. Uma receita significativa que a Câmara Municipal tem negligenciado e desperdiçado pela sua incapacidade de leitura técnica dos problemas da cidade. Afinal o executivo foi preenchido durante dois mandatos por vereadores do planeamento e da gestão urbana, por pessoas com competência técnica, apenas para “entreter o povo” e as pseudo-soluções aparecem agora por iniciativa de um jovem-turco das hostes do partido dominante.

Com uma solução de mobilidade assente no ordenamento do estacionamento urbano e com uma receita significativa dai proveniente, a CMCR estaria em condições de dotar a cidade de uma melhor rede de transportes públicos, em diversos sentidos, com acesso a parques de estacionamento periféricos e melhor acessibilidade ao comércio, habitação e serviços. Esta solução é sustentável, sem limitar o uso do automóvel a residentes, clientes e comerciantes, potencializando uma receita que permite uma manutenção regular de parquímetros e a criação de um corpo de vigilância e fiscalização do sistema que garanta a sua eficácia e penalize eventuais prevaricadores. O estacionamento pago de superfície revela normalmente uma boa rentabilidade, ao contrário do estacionamento subterrâneo geralmente deficitário, como se pode constatar pelos dois parques subterrâneos já existentes na cidade que não resolveram os problemas de mobilidade e em ambos os casos reduziram o número de lugares disponíveis nas suas zonas de envolvência. Mais um parque de estacionamento com menos de 300 lugares não vai resolver o problema do fluxo de cerca de 7000 carros que todos os dias entram na cidade. 

Uma vez resolvida a questão da mobilidade urbana, acreditamos que o plano de regeneração urbana teria condições de resolver outros problemas de requalificação da cidade. As condições de investimento dos particulares também estariam mais defendidas, quer para áreas de negócios quer para investimento na habitação que devolva moradores ao centro histórico. Para a Praça da Fruta também não defendemos o estacionamento subterrâneo, mas apenas o armazenamento e logística, a construir em cave no quarteirão superior, numa nova solução integrada de gestão e afirmação da Praça da Fruta. Para o edifício da antiga esquadra da PSP defendemos, desde 2009, uma solução semelhante à agora introduzida no plano do vereador Hugo Oliveira, acrescentando as condicionantes de apenas construir um piso acima do nível do solo e recuando a lateral do lado da rua Diário de Notícias, abrindo assim o campo visual entre a Praça da Fruta, o chafariz das cinco bicas e a rampa o hospital até à mata, em ambos os sentidos. 

Caldas da Rainha, 15 de Abril de 2011.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Menos areia é mais Lagoa




O  Bloco de Esquerda propôs, em 2009, a aquisição de uma draga, em conjunto com outras Câmaras Municipais para a dragagem regular da Lagoa de Óbidos e da Baía de S. Martinho do Porto, com a criação de uma estação de lavagem de areias para viabilizar economicamente o processo e para que a revitalização da Lagoa e do seu ecossistema permitam a sustentabilidade das actividades de apanha de marisco bem como as ligadas aos desportos náuticos e ao turismo.
A 25 de Março de 2011, o BE entregou ao Ministério do Ambiente perguntas nas quais se questionava: o motivo da interrupção e justificação para não se avançar com a dragagem e reabilitação da Lagoa; quando é que vão recomeçar a intervenção; se vai incluir a despoluição, desassoreamento e consolidação da orla costeira; e se vão continuar com as descargas de areia na praia, a tempo da actividade balnear do próximo verão.
A estratégia da Câmara Municipal das Caldas da Rainha é simples, continuar com as descargas de areia na praia da Foz do Arelho, para que a aberta da foz continue a Sul. Não sabemos em que estudos se baseiam pois a foz continua a tentar abrir a Norte e a levar a areia para dentro da Lagoa. O assoreamento constante tem criado várias ilhas e bancos de areia que dificultam a navegação.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Comunicado CHON - Março 2011


A questão do CHON – Centro Hospitalar Oeste Norte é uma questão em aberto. Apesar da política de facto consumado desta senhora Ministra da Saúde do segundo governo Sócrates a querer encerrar com uma decisão que vai conta o interesse das populações do Oeste, e de o senhor primeiro-ministro não dizer uma palavra sobre uma decisão que o desautoriza perante as populações do Oeste, este é um assunto demasiado importante para ser remetido a um despacho administrativo de uma Ministra da Saúde com prioridades exclusivamente economicistas.

A imprensa local noticia uma recente visita do Governador Civil do Distrito de Leiria a Caldas da Rainha e ao Hospital Distrital, que é da maior relevância política e lança maior clareza sobre este assunto. Ainda que assumindo a linha do pragmatismo dominante, ditado por questões exclusivamente orçamentais, o senhor Governador Civil do Distrito de Leiria deixa escapar a sua opinião mais substantiva, classificando as obras de ampliação do Hospital Distrital como “remendos”. Convém sublinhar, e recordar aos mais distraídos, que o actual Governador Civil do Distrito de Leiria é médico de profissão. Felicitamos o senhor Governador Civil pela sua honestidade intelectual, que não será estranha ao compromisso deontológico que o acompanha permanentemente na sua profissão. 

Esta posição do senhor Governador Civil vem ao encontro das posições públicas do Corpo Clínico do Hospital Distrital de Caldas da Rainha, explicitadas em documento colectivo abaixo-assinado por largas dezenas de profissionais em tempo recorde e publicado na imprensa local em finais do ano de 2010, antes do infeliz despacho da senhora Ministra da Saúde que recua para a decisão lesiva das populações, decidindo pela ampliação do actual Hospital, contrariando o que estava previsto em exercício do governo anterior, e assumido publicamente pelo mesmo primeiro-ministro.

A concelhia de Caldas da Rainha do Bloco de Esquerda mantém a sua visão nesta matéria. Pensamos que a construção de um novo Hospital Distrital é uma melhor solução para as populações do Oeste. A nossa convicção repousa nos mesmos estudos técnicos, enquadrados no âmbito Plano Nacional de Saúde, que suportaram a decisão inicial do anterior Governo para a construção de um novo Hospital Distrital. Lamentamos que se queira recuar na decisão, lesando os interesses das populações, devido à situação conjuntural de dificuldades económicas do país. Entendemos que seria prudente remeter esta decisão para um horizonte de médio prazo, onde na ponderação coubesse a prioridade dos serviços de saúde e não apenas a perspectiva economicista. Esta decisão vai influenciar a vida das populações, a qualidade dos serviços de saúde prestados, e até o desenvolvimento da região num prazo alargado de várias décadas e muitas gerações. É uma decisão demasiado importante, para toda a região, para estar à mercê de uma decisão administrativa de uma Ministra da Saúde condicionada pelas finanças. 

Lamentavelmente, neste assunto como em outros, a Câmara Municipal de Caldas da Rainha e o partido que a suporta, não apresentam uma posição firme e apoiada em estudos técnicos, fazendo, como há muitos anos, décadas, o papel provinciano de aceitar tudo o que o poder central decide, e ainda ter o despudor e a falta de vergonha de tentar apresentar estas derrotas como grandes conquistas políticas. Quem se contenta, continua e persistentemente, com as piores opções oferecidas pelos governos centrais, não tem condições políticas para conseguir as melhores soluções. Por mais que tentem convencer os cidadãos do contrário, a não-construção de um novo Hospital Distrital, além de um inaceitável recuo do poder central é uma enorme derrota desta Câmara Municipal e do partido que a apoia. O BE de Caldas da Rainha tudo fará para inverter esta situação, a bem das populações do Oeste, do nosso desenvolvimento colectivo e de uma maior qualidade de vida para todos.

O Secretariado da Concelhia do Bloco de Esquerda de Caldas da Rainha, 9 de Março de 2011.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Artigo de Opinião de Fernando Rocha, Uma estratégia para ganhar a Esquerda e Portugal

BLOCO DE ESQUERDA
UMA ESTRATÉGIA PARA GANHAR A ESQUERDA E PORTUGAL

A hora que o País vive não se compadece com grandes delongas.  A situação do País é de grave crise política e social, ameaçando piorar a cada dia que passa.  Quanto à situação política o impasse é evidente e não se avizinha que, nas actuais circunstâncias, a dissolução da Assembleia da República, sem um corte com estas políticas, do PS e do PSD, possa clarificar, para resolver, a contento do povo, a situação.
Assim, no plano da macro-economia, o cerco montado pelos especuladores dos mercados, com a cumplicidade da União Europeia, liderada pela chanceler da Alemanha, determina um sufoco financeiro, por demais insuportável. Os juros da dívida sobem para além dos 7% e não se avizinha que venham a descer, nem é plausível (pelo exemplo da Grécia) que uma detestável, a todos os títulos,  intervenção do FMI os acalme. No plano social a situação, também dia-a-dia,  se vem agravando.  O desemprego continua a subir a níveis já superiores aos 10% e não se esperam, no futuro próximo melhores dias. A pobreza aumenta, colocando ao nível da indigência cada vez mais vastos sectores da população, com destaque para muitos idosos, que, com pensões de miséria, tem de optar entre a compra dos medicamentos, de um modo geral caríssimos e a própria alimentação.    E sobretudo a juventude vive a ausência de um futuro, no mínimo, dos mínimos, promissor.  As famílias fazem enormes sacrifícios para dar aos seus filhos um bom nível habilitacional,  mas nem já mesmo a licenciatura ou até um grau académico superior, permitem aos jovens aceder ao mercado do emprego.   A precariedade e o ordenado mínimo ou ligeiramente superior, são a regra para a grande maioria dos jovens  que acedem ao mercado do trabalho.
Ora, é neste cenário, de autêntica calamidade económica e social, que surge a Moção de Censura, ao Governo, do Bloco de Esquerda, que tanta polémica tem levantado.  Em primeiro lugar, depois de um momento de surpresa pela inesperada Moção, vinda do Bloco,  os comentadores, do sistema, apressaram-se em condena-la como "irresponsável", "inconsequente", etc..  Mas o maior problema com que depois a Comissão política do BE se defrontou foram as divergências no seio do próprio Bloco, com destaque para a inesperada posição de Daniel Oliveira,  ex-dirigente nacional do partido e actual comentador político. Tiveram, também, um relativo impacto  duas demissões de membros da Mesa Nacional (MN), que alegaram, que, como estrutura máxima dirigente da organização, a MN,  não foi ouvida nesta tomada de decisão,  de apresentação da Moção.  Neste aspecto, em concreto, convém desde já esclarecer que a Comissão Política teve toda a legitimidade para optar pela apresentação de uma Moção de Censura, uma vez que, entre reuniões plenárias da MN,  é a estrutura máxima do BE, com  poderes legítimos para gerir toda a actividade política.
Mas o que importa, sobretudo, é analisar se a Moção, por um lado tem justificação e, se por outro, é do ponto de vista estratégico-táctico uma boa aposta.  Ora pelo que se disse no segundo parágrafo deste texto, a Moção de Censura ao Governo está plenamente justificada, uma vez que a situação politico-social, do País, dificilmente poderia ser pior.  Do ponto de vista táctico a Moção tem o mérito de separar águas, no seio da oposição, já que entala, sobretudo o PSD, que finge ser oposição, mas que, na prática, tem apoiado todas as principais medidas políticas do Governo PS.  Se outras vantagens a Moção não tivesse, esta, a de clarificar quem está com a política do Governo e quem está de facto contra, só por si justifica a sua apresentação.
Quanto às críticas internas convém esclarecer que estas vêm sobretudo da facção liderada pelo Gil Garcia, da RUPTURA/FER (uma tendência existente no seio do BE), que é contrária à estratégia aprovada, na Convenção, da chamada esquerda grande, que privilegia a acção no seio do eleitorado PS, no sentido de o cativar para as nossas posições, enquanto que a citada tendência minoritária prefere uma aliança com o PCP.  A este propósito afigura-se-me serem  erróneas e demagógicas as declarações de Gil Garcia ao JN, quando diz temer uma aproximação ao PS, a que, aliás já aludiram a quando do nosso apoio a Manuel Alegre. Não se trata de uma aproximação à actual direcção do PS, nem o apoio a Manuel Alegre o foi.  Se bem interpreto o sentido da nossa estratégia, esta passa por construir uma esquerda grande ou seja, dito por outras palavras, trazer para as nossas posições, assumidamente de esquerda, todos quantos as considerem justas e válidas, procurando assim isolar as posições centristas e de direita existentes no seio do PS e da esquerda em geral.
A moção de censura, ao Governo Sócrates, tem, pois, de ser entendida, também, como uma preciosa arma ao serviço da nossa estratégia da ESQUERDA GRANDE e da afirmação de um outro caminho para o País que não passa pelas políticas do PS e do PSD, mas sim pelas políticas que o Bloco defende  e que a a própria Moção de Censura evidencia.

Fernando Rocha - Deputado Municipal do BE nas Caldas da Rainha

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Moção estratégica da Concelhia do Bloco de Esquerda para o ano de 2011.


Eleito um secretariado provisório em reunião realizada no dia 27 de Janeiro de 2011, na sede concelhia do Bloco de Esquerda em Caldas da Rainha, este órgão assumiu nessa reunião o compromisso de marcar eleições para a concelhia de acordo com os princípios estatutários, de modo a ultrapassar o impasse criado pelo esvaziamento da anterior concelhia eleita, devido ao afastamento de dois dos seus elementos por motivos de saúde e problemas de ordem familiar.

O secretariado provisório comprometeu-se também, na reunião de 27/01, a constituir-se como lista concorrente ao acto eleitoral, submetendo-se assim ao normal processo de escrutínio e legitimação democrática que deve ser observado e cumprido nestas circunstâncias. Ficamos, assim, incumbidos de apresentar uma lista definitiva e uma moção estratégica, que integre um plano de acção, para o que deverá ser a actividade política do Bloco de Esquerda em Caldas da Rainha, durante o ano de 2011, na próxima reunião de concelhia agendada para o próximo dia 3 de Março de 2011. 

Ficou também prevista para essa data de 3 de Março próximo, a constituição de uma comissão eleitoral que marcará a data das eleições internas e conduzirá este processo, abrindo a outros militantes a possibilidade de se organizarem em listas concorrentes, com moções estratégicas alternativas, como deve acontecer em qualquer organização regida por princípios de democracia interna. 

Não sendo a constituição do BE de Caldas da Rainha substancialmente diferente do que era em 2009, aquando das últimas eleições autárquicas, nem se tendo constatado que os problemas da cidade e do concelho então diagnosticados, tenham sido ultrapassados ou resolvidos pela Câmara Municipal eleita nesse acto, não registando tão pouco uma evolução na direcção que entendemos como correcta para os interesses gerais da população caldense, entendemos que devemos retomar, no essencial, a discussão do programa então apresentado.

Do debate interno produzido em 2009 resultou a definição de uma estratégia para a cidade e concelho de Caldas da Rainha que continuamos a considerar essencialmente correcta e pertinente. Continuamos a constatar que Caldas da Rainha é uma cidade e um concelho sem estratégia. A reprodução do poder autárquico no mesmo grupo de pessoas, do mesmo partido político, deixou instalar a inércia e a rotina. É um poder instalado, esgotado e incapaz de promover a inovação e a mudança que as populações de Caldas da Rainha merecem.

A estratégia do BE para Caldas da Rainha promove um desenvolvimento sustentável, coerente e articulado. Temos uma visão de uma cidade e um concelho com uma vocação natural para a saúde, o lazer e o bem-estar. Acreditamos que é este o caminho certo do nosso desenvolvimento colectivo. Temos a certeza que cada vez mais caldenses concordarão connosco.

Pretendemos em 2011, sem descurar a atenção à da política local do executivo municipal e sem deixarmos de olhar o mundo à nossa volta de uma forma cosmopolita, voltar a discutir e debater os principais eixos de desenvolvimento da cidade e do concelho, a saber: o ambiente; a cultura e o turismo; a educação; a saúde e o termalismo; a economia, emprego e inclusão social; o desenvolvimento rural e comunitário; os espaços urbanos e mobilidade; a administração autárquica.

É da nossa vontade promover sessões públicas abertas a toda a população onde se discutam os assuntos vitais para o nosso desenvolvimento social, ambiental, cultural, educativo, económico, etc., que nos qualifiquem colectivamente e promovam uma sociedade mais participativa, mais consciente dos seus problemas e mais exigente com os seus representantes políticos. Queremos trazer a Caldas da Rainha destacadas figuras dos BE e da sociedade civil que nos ajudem a reflectir sobre estes assuntos. Pensamos descentralizar o debate social e político destas questões promovendo alternadamente sessões na nossa sede em Caldas da Rainha e, tanto quanto possível, nas freguesias do nosso concelho. 

Pretendemos, ainda, promover o encontro regular dos nossos autarcas eleitos com as populações, em sessões públicas de apresentação do trabalho nos diferentes órgãos, seja a Assembleia Municipal, ou as assembleias de freguesia onde estamos representados. Esperamos também continuar a contar com a presença regular do nosso deputado eleito por Leiria à Assembleia da República para contactos directos com a população, para esclarecimentos e ajuda à resolução de problemas diversos que recomendem a intervenção de um deputado.
Para terminar, queremos manifestar o desejo que o processo agora iniciado seja efectivamente participado. Fazemos um apelo aos nossos militantes e simpatizantes e à população em geral, para que nos desafie, que nos interpele, que nos coloque questões e problemas importantes para o nosso desenvolvimento colectivo. Acreditamos que essa será a forma correcta de crescermos todos como comunidade, de nos tornarmos mais fortes e mais coesos, mais preparados para o futuro e para merecermos a confiança de cada vez mais caldenses.

Caldas da Rainha, 8 de Fevereiro de 2011.

Lino Romão; Alexandre Nunes Cunha; Sofia Passadouro; João Pereira; Paulo Freitas;

Reunião do Conselho Municipal de Desporto

Procedeu-se no dia 10 de Fevereiro ultimo à 3ª reunião do Concelho Municipal de Desporto de Caldas da Rainha. Depois de algumas alterações à ordem de trabalhos, iniciou-se a discussão do ponto referente à elaboração do Plano de Desenvolvimento Estratégico Desportivo Municipal. Este ponto foi abordado pelo proponente, Dr. Nuno Ribeiro, em representação do Clube de Ténis de Caldas da Rainha, que realçou a falta de informações relativas à quantificação do fenómeno desportivo no Concelho: Nº de praticantes, faixas etárias, frequência das Instalações Desportivas, etc.

Esta situação de falta de dados deve-se à inexistência de uma Carta Desportiva Municipal, a que o Município se encontra obrigado. Face a esta situação o Concelho recomendou à Autarquia a recolha urgente de dados através de um inquérito às Juntas de Freguesia, Colectividades e Clubes.

O representante do Bloco de Esquerda apresentou uma proposta de recomendação para que o Município execute a Carta Desportiva Municipal até ao final do ano de 2012 (por necessidade de orçamentação). Sem a elaboração prévia da Carta Desportiva Municipal não estão reunidas as condições para elaborar um Plano Estratégico do desporto municipal. Esta proposta foi aprovada por unanimidade.

Aguarda-se agora que o Executivo Autárquico ponha em prática esta Recomendação. O Conselho Municipal de Desporto volta a reunir-se no próximo dia 3 de Março.


Caldas da Rainha, 11 de Fevereiro de 2011.

Paulo Freitas,
1º Secretário do CMD, em representação do Bloco de Esquerda.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Resposta ao comunicado da CMCR sobre fechar a Volta a Casa


COMUNICADO DO BLOCO DE ESQUERDA

Resposta ao comunicado da Câmara Municipal sobre o termo do contrato de comodato com a “De Volta a Casa”
 
Vem a Câmara Municipal, perante o clamor que em toda a sociedade caldense se levantou, justificar o injustificável, que se traduziu no encerramento das suas instalações, cedidas por contrato de comodato à Associação "De Volta a Casa".
A Câmara Municipal das Caldas da Rainha, através de um seu comunicado, publicado na imprensa local, insiste em problemas inexistentes como sejam os indícios de criminalidade, falta de higiene e outros que estariam ( e pensa-se virem a estar) para se resolver, como seja o atraso na eleição de novos corpos gerentes da associação. Refere a edilidade, também, queixas por desacatos à PSP.

Quanto a indícios de criminalidade, estes, são um absurdo, um juízo de valor preconceituoso, por provar. Quanto à falta de higiene nas instalações, isso é uma grosseira mentira, conforme o testemunhado por muitos que as visitaram e que, antes pelo contrário, admiraram o extrema limpeza, que o refeitório patenteava. Quanto ao atraso na regularização dos Corpos Gerentes da Associação trata-se de um atraso de meses, que não fora o inadmissível despejo e, certamente, o problema já estaria resolvido. Quanto às queixas por desacatos à PSP, embora neste comunicado a Câmara não o diga, ficamos a saber, por notícia do "Jornal das Caldas", de 19 de Janeiro de 2011, que, afinal, as tais queixas, feitas por famigeradas "cartas", da PSP (que a Câmara durante demasiado tempo ocultou), datam única e exclusivamente de 2005 e 2006 não tendo, posteriormente, havido outras; e se havia problemas, competia à PSP resolvê-los e não  vir fazer queixas à Câmara.

Por último quanto à referência ao "aproveitamento sensacionalista e demagógico desta matéria por parte dos órgãos de comunicação social e de alguns Partidos", mau seria que a Comunicação Social silenciasse ou tratasse de forma ligeira um assunto de tanta gravidade. Quanto aos "Partidos" o Bloco de Esquerda tem muita honra em ter estado na primeira linha da defesa de princípios e valores de luta contra a exclusão e pobreza, de que não abdicamos.

Reafirmamos tudo o que anteriormente dissemos, designadamente, que este cruel despejo se ficou a dever a um preconceito, por parte da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, contra a exclusão e pobreza, e que continuaremos a exigir o reconhecimento do mérito do trabalho humanitário que a Associação de Volta a Casa presta há mais de uma década, exigindo, junto com todos e todas as caldenses de boa vontade, que a Câmara disponibilize um local alternativo para que o trabalho da Associação possa continuar.
Não obstante os esforços  da Câmara, para silenciar a acção da Associação de Volta a Casa sabemos que a determinação de Joaquim Sá e outros voluntários continuará, servindo na rua as refeições aos carenciados da nossa região.

Bem pode, pois, a Câmara a justificar o injustificável, com este seu ultrajante despejo, que os caldenses sensíveis e de bom senso, sabem bem de que lado está a razão.

                                                                        A comissão Concelhia do BE de Caldas da Rainha